Sokolova Nadejda







RÉQUIEM

(para Emilio Salem)



Porque não quis vê-lo:

Sem os gestos largos,

Sem o disfarce álacre,

Sem o riso, a voz

No seu alvo estático.

Sem doçura lúcida

Nos selados lábio,

Sem fabula ou cruz

Em exíguo espaço.


Porque não quis vê-lo

Já não ser gregário

Com seus olhos cegos

Compostura lassa.

Calmo mortuário

Em abismo claustro,

Peito estilhaçado,

Revestido estuque

Em paredes cavas.


Porque não quis vê-lo:

Da morte, operário

Vedando o infinito,

Levantando nadas

No incorreto oficio.

Silencio imantado

De gusano e cal

Com través, o punho,

O corpo, sem sal.


Porque não quis vê-lo...

Sem sua azagaia

De anjo em peleja

Contra humanas falhas;

Sem palavras cúmplices

Para seus dilemas

Ser despossuído.

Em vazio acesso

Do tempo, o anátema


Porque não quis vê-lo...



Myriam Coeli


Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo, lindo e lindo!!! Nota 1000.