Arthur Braginsky






d i a


Fiz os doces, reguei as plantas, colhi as amoras.
Enfeitei a mesa, tirei o pó, arrumei o armário.
Cozinhei, limpei, lavei, passei.
E o dia se foi, junto ao sol poente.
A noite veio e trouxe ar de melancolia e cansaço dormente.
Havia muito por fazer, a dor do pulso, a dor dos olhos, as olheiras.
O cansaço das tarefas, o curvado ombro, a face quieta.

A boca cansada das palavras todas ficou mais emudecida ainda.
Vieram as estrelas pintar o céu.
Veio a imaginação povoar o sonho.
Quem sabe um dia, quem sabe, lá no horizonte onde o Sol se põe mais cedo.
Uma rede, um coqueiro, um homem inteiro, uma mulher possa se despir sozinha.

Sem cobrir a parte mais íntima e dizer:
_Estou aqui!


Kátia Torres Negrisoli

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns!

Fada do Mar Suave disse...

Kátia é uma alegria imensa postar suas poesias que a todos emocionaram e encantaram. E a arte belíssima de Arthur Braginski iluminou este espaço, a você Arthur todo o meu respeito e admiração. Obrigada!

Agradeço aos amigos que nos visitaram, deixando seus comentários estimulantes. Isso é energia para todos nós, principalmente os poetas e artistas que apresentamos. Voltem sempre, é um prazer enorme encontrá-los a cada postagem.
Com todo o carinho,

Fada do Mar Suave